sexta-feira, 12 de maio de 2017

Candomblé - Nação Xambá

Olá, querido(a) leitor(a)!
Tudo bem?

O relato de hoje é sobre uma visita que fiz a um terreiro de candomblé, da nação Xambá. A sua localização fica na Rua Severina Paraíso da Silva, 65 - Portão de Gelo, São Benedito - Olinda (PE).
O dia era um domingo de sol, 23 de abril de 2017 e a reunião começou às 16h.
A primeira regra era bem clara: Ninguém pode usar roupa preta; O homem deve se vestir de calça e a mulher de saia ou vestido abaixo do joelho.

O salão estava lotado. Mal eu cabia no ambiente, o calor era intenso, mas suportável. Fiquei perto da janela pra tentar sentir um vento fresco vindo de fora, mas foi difícil.

Apesar de bem arrumada, o salão principal era simples. Possuía bastantes imagens, quadros nas paredes, o chão estava com folhas de alguma planta, que não faço ideia de qual seja. 
O nome do babalorixá (pai de santo) é Ivo. Ele quem comandou boa parte da reunião daquele dia. O culto, ou toque - como é mais conhecido e chamado pelos devotos - era direcionado a Ogum e Odé.

O babalorixá deu alguns pequenos avisos e foi dado inicio ao toque. 
A ritualística não era difícil de entender. Eles cantavam o tempo todo músicas para os Orixás - entidades espirituais das religiões de matrizes africanas. Vi chamarem de "Louvação aos Orixás". Entendi que eles estavam louvando a cada entidade. Cada música era cantada ao som de atabaques e tambores e as letras das músicas eram em um idioma africano. Eu não fazia a menor ideia do que falavam, mas o público parecia entender, pois acompanhavam as músicas e todos cantavam juntos e em uníssono. Incrível. Todo um culto em uma língua sem ser o português. Lembrei da época colonial no Brasil e imaginei o padre rezando a missa em latim e as pessoas atrás sem entender. Lá estava eu sem entender uma virgula do que era falado.

Como o culto era dedicado a Ogum e Odé, os primeiros Orixás a receberem louvor foram eles. Primeiro Ogum, depois Odé. Primeiro, o pai de santo chamou todos os filhos e filhas de Ogum para o meio do salão, cada um se abaixou, colocou a mão no chão e pareciam ficar concentrados. Começaram todos a cantar e alguns daqueles filhos e filhas do santo (orixá Ogum) começaram a receber (incorporar) as entidades. Outros irmãos tiravam as correntes, pulseiras, anéis, etc da pessoa que estava recebendo o santo e após isso a entidade ficava livre para se manifestar. Quando incorporavam eles dançavam freneticamente, de forma bastante abrupta. A entidade cumprimentava várias pessoas que lá estavam. Percebi que os Orixás que estavam incorporados não falavam português. A maioria gritava, grunhia, falava uma ou outra palavra em um dialeto desconhecido para mim. Acredito que tenha durado de 15 a 20 minutos cantando para cada um desses dois principais Orixás - Ogum e Odé.

Após os dois principais receberem louvor, fez-se um circulo com os filhos e filhas de santo e começaram a cantar a cada Orixá de seu panteão, que no total são 14. E assim que cantavam, as entidades iam se manifestando nos fiéis. A reunião acabou por volta das 21h. Um total de aproximadamente 5h de culto.


Já perto do final, chamavam as pessoas para se alimentarem. Numa outra sala. Onde tinha bolo, salgados, munguzá, refrigerante, etc. Eu não comi nada. Não estava interessado.

Após o fim do culto, deixei o salão e retornei ao meu lar.

Para quem quiser conhecer a interessante história do Xangô Nação Xambá só é assistir o documentário abaixo:


Para quem tem interesse segue o link do site deles: http://www.xamba.com.br/

Opinião Pessoal

Daria pra falar vários outros detalhes da reunião, mas não são fundamentais.
Em resumo, o culto era o tempo todo com música, as entidades se manifestando, com dança e cantoria. Apenas isso.
Particularmente, achei bastante cansativo. Fiquei em pé o tempo todo sem ter onde me sentar. Não entendia a linguagem deles. Não aprendi nada que pudesse me ajudar no processo de melhoria, de reforma íntima. Mas fiquei feliz em ver o tamanho da fé que aquelas pessoas tinham.
Respeito muito toda manifestação de fé desde que não faça mal a alguém.
Pretendo em outro momento retornar afim de ter uma segunda experiência e aí relato aqui no blog novamente.

Muita paz,
José Assis

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"As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?" Mahatma Gandhi